Imagem capa - A importância do apoio incondicional à mulher durante o trabalho de parto e o parto  por Luciana Bello

A importância do apoio incondicional à mulher durante o trabalho de parto e o parto

O apoio contínuo durante o trabalho de parto, que inclui suporte emocional e conforto para a mulher, só traz benefícios para as mãe e bebê e aumenta as chances de um PN respeitoso e espontâneo. Mas isso não significa que a equipe deve intervir continuamente no trabalho de parto, são coisas totalmente diferentes: Apoiar e Intervir. Afinal de contas, quem pare é a mulher. “Médico não faz parto” (médico que diz que faz, é da turma dos GOs fofinhos. Médico faz a cesariana, que é uma cirurgia que salva vidas, quando bem indicada), “EO não faz parto”, “Doula não faz parto” (faz parte  ♡), ou seja, o parto é da mulher.  

Não que o apoio de um@ companheir@, familiar ou amigo não seja importante, sim é! Principalmente no pós parto essa REDE DE APOIO é fundamental, ajudar com escuta, a fazer uma comida, a lavar algumas peças de roupa, arrumar um pouco a casa enquanto a recém mãe está cansada, focada em cuidar do bebê. Porém, estudos concluem que é mais benéfico para a mulher receber apoio de pessoas que estão lá no parto apenas para isso, não sendo parte do círculo social da gestante e que tenha experiência em oferecer apoio, tenha recebido treinamento para exercer este papel, seja capacitada para tal.  Por isso a importância de se ter uma boa equipe (incluindo nossas amadas doulas).

A seguir, um dos estudos publicados na Cochrane:

“(...) Historicamente, as mulheres sempre foram atendidas e apoiadas por outras mulheres durante o trabalho de parto e parto. Porém, em muitos países, na medida em que mais mulheres passaram a dar à luz em hospitais em vez de terem partos domiciliares, o apoio contínuo durante o trabalho de parto tem se tornado exceção em vez de regra. Isso pode contribuir para a desumanização da experiência do parto para as mulheres. As práticas obstétricas modernas frequentemente sujeitam as mulheres a rotinas institucionais que podem ter efeitos prejudiciais sobre o processo do trabalho de parto.  (...) Essas ações podem ajudar o processo fisiológico do trabalho de parto a se desenvolver e aumentam a sensação de controle e de competência das parturientes, reduzindo assim a necessidade de intervenções obstétricas.

Esta revisão incluiu 23 ensaios clínicos randomizados (22 com dados numéricos) realizados em 16 países, envolvendo mais de 15.000 mulheres em uma grande variedade de locais e circunstâncias. Nesses estudos, o apoio contínuo era oferecido por pessoas que eram parte da equipe hospitalar (como enfermeiras ou parteiras), ou por mulheres que não faziam parte da equipe hospitalar e não tinham nenhuma relação pessoal com as parturientes (como doulas ou mulheres que tinham um pequeno treinamento), ou então por pessoas escolhidas pela parturiente dentro da sua rede social (como marido, parceiro, mãe ou amiga).

As mulheres que receberem apoio contínuo tiveram maior probabilidade de terem um parto vaginal espontâneo, isto é, de dar à luz sem ser por cesárea ou usando vácuo-aspirador ou fórcipes. Além disso, essas mulheres tiveram menor probabilidade de usar remédios para dor durante o trabalho de parto e maior probabilidade de se sentir mais satisfeitas; além disso, a duração do seu trabalho de parto foi um pouco menor. Seus bebês tiveram menor risco de ter uma nota baixa no Apgar de 5 minutos. (...) O apoio de um parente ou amigo, em comparação com nenhum tipo de companhia, aumenta a satisfação da parturiente em relação à experiência do parto.” 

Texto completo e original em inglês em: https://www.cochrane.org/pt/CD003766/apoio-continuo-para-mulheres-durante-o-parto (autores: Bohren MA, Hofmeyr G, Sakala C, Fukuzawa RK, Cuthbert A)

Nessa imagem, temos duas obstetras dando apoio incondicional à mulher e sem intervir em nada no parto dela, respeitando seu processo, seja segurando  mão, seja dando apoio na descida do bebê, Dra. Mariana Ferreira @marimari_ferreira e Dra. Mariana Vaz no parto da Michelle que pariu a linda Maria.